Oh Que Ricos Subsídios (XI)

2005-03-09
Ora vivam!

Cá estamos de novo a publicar na íntegra mais uma acta do IA. Esperamos comentários com muito humor, muita ironia e etc… (o etc. mói a cabeça à Ana), mas antes aconselhamos a leitura de OH QUE RICOS SUBSÍDIOS (IV), OH QUE RICOS SUBSÍDIOS (VII) e, tirem as vossas conclusões!!


CANDIDATURA # 038

CÃO SOLTEIRO

Organizada como uma sociedade por quotas, a companhia é co-dirigida por Mariana Sá Nogueira, Paula Sá Nogueira e Marcello Urgeghe e está inserida na Casa dos Dias da Água, em regime de arrendamento. Candidata-se a 2 anos, na condição – legalmente prevista – de director artístico (neste caso, de directores artísticos) com mais de 5 anos de actividade comprovada.

Formada em 1997, a companhia vem desenvolvendo projectos de visível transversalidade ao aliar a palavra com outras formas artísticas – as artes plásticas, a música e a imagem filmada, entre outras – no sentido não apenas de trabalhar com elementos diversos em jogos de fragmentação e colagem, mas também para criar atmosferas evocativas de valor onírico, apostando na sequência de imagens fortes de pendor sugestivo. Ao definir este método e estes objectivos, a companhia localiza nas artes do século XX o seu material de adopção e opta por uma trabalho continuado com encenadores como Nuno Carinhas (de formação em artes plásticas) e Rogério de Carvalho. O modo de preparação dos espectáculos implica um tempo de reflexão e construção algo demorado e traduz-se pela fórmula «projecto» para cada uma das produções.

Com uma estrutura de base relativamente diminuta, a programação, que apresenta para 2 anos, prevê a colaboração de elementos convidados, alguns de mais frequente visitação, como os encenadores já citados, e os actores Paula Diogo e André E. Teodósio, entre outros. Conta com alguns apoios e parcerias (desejavelmente renováveis ou a confirmar) quer com instituições (Câmara de Lisboa, Gulbenkian, Instituto Português da Juventude...), quer com outros grupos de teatro com os quais define, em conjunto, uma espécie de área electiva feita de convergência de gostos e de intercâmbio de artistas (privilegiadamente Sensurround, Praga, Assédio).

Na programação que apresentam saliente-se a escolha de Picasso para o 1.º espectáculo, de Baudelaire e Perec, para o 2.º e de Andersen para o 3.º, no que diz respeito ao ano de 2005. Prevêem para 2006 uma colaboração especial com o escritor Rui Nunes a quem pretendem encomendar um texto a construir em processo de diálogo com os restantes criadores do espectáculo:
A concentração do olhar. Há, de facto, no projecto global, que apresentam, a preocupação em encontrar lógicas coesivas que justifiquem as opções: no 1.º ano trata-se de prolongar e pesquisa encetada com Nocturno delirante (sobre a literatura fantástica) para interrogarem o imaginário que as sucessivas rupturas estéticas – romantismo, simbolismo, surrealismo, absurdo, etc. – foram construindo na literatura e nas artes plásticas.

Trata-se de um grupo de pendor claramente experimental que privilegiadamente se dirige a um público jovem e urbano, não se reconhecendo, naturalmente, em projectos de maior impacto social, vocacionados para a infância ou de fácil transporte em digressão. Porém, o cuidado posto nos seus espectáculos e o empenhamento numa estética muito experimental justificam o apoio a conceder para o biénio de 2005-2006, sendo o financiamento para o 1.º ano, por razões que decorrem da necessária contenção orçamental a que o programa de apoio sustentado às artes do espectáculo obriga, de 70 000 € (setenta mil euros).



NB – a Irmã Lúcia arrenda quartos e caros…
 
posted by CTC at 13:48, |