Notícias (Actual - Expresso)
2006-01-20
Alexandra Carita, “Danças com números – A performance do Teatro Nacional D. Maria II está na linha vermelha”, in Actual – Expresso, nº 1733, 14-I-2006
Danças com números
A performance do Teatro Nacional D. Maria II está na linha vermelha
Mário Vieira de Carvalho avisou: «O D. Maria está na linha vermelha em relação à performance de um instituto público». E apresentou números para suportar a afirmação. Assim, as produções apresentadas rodam um investimento médio de 120/150 mil euros, sendo que cada espectador representa um custo de 2500 euros. Foi assim com «Conferência de Imprensa», pelos Artistas Unidos, que em nove representações só conseguiu 450 espectadores, e não foi melhor com outras apostas do D. Maria. Fonte do teatro revela que em «No Papel da Vítima», outra encenação de Jorge Silva Melo, se investiram 131 mil euros e o número de bilhetes vendidos não chegou aos mil, embora António Lagarto reclame que vendeu 2271 ingressos. «Serviço d’Amores», de Gil Vicente, representou um investimento de 200 mil euros com apenas 4904 espectadores para uma lotação total de 12 mil pessoas. Já «Como Aprendi a condizer», uma peça encenada por Fernanda Lapa, custou quase 100 mil euros e só teve 1017 espectadores que compraram bilhete, os restantes 1643 foram convidados, afirma fonte ligada ao D. Maria, mas Lagarto faz saber que vendeu mais 963 ingressos.
«As salas estariam vazias se não houvesse convites», garante a mesma fonte, que alega ainda que, na Sala Garret, com uma ocupação real de 389 lugares, as noites fazem-se «com 31 lugares preenchidos, às vezes 48», embora a direcção de António Lagarto apresente uma taxa de ocupação a variar entre os 55,7 por cento em 2004 e os 65,2 por cento em 2005, e reivindique um aumento de 17,3 por cento nas receitas de bilheteira de um ano para o outro.
A somar às contas do Ministério da Cultura, que apontam para apenas 188 espectáculos realizados em 2004 contra os 312 realizados no S. João no mesmo ano, acresce uma diferença percentual de seis décimas em relação às receitas dos dois teatros nacionais. 0,8 no Porto contra 0,2 em Lisboa. Não esquecendo que o D. Maria recebe quase um milhão a mais (5,4 milhões de euros) do que o S. João (4,5 milhões de euros). Como se não bastasse, desde que o D. Maria II se tornou Sociedade Anónima, em 2004, que a sua direcção aufere o dobro das direcções gerais da administração pública. António Lagarto tinha um ordenado de seis mil euros e os sus subdirectores recebiam cerca de 4200 euros. No mesmo quadro, só os restantes trabalhadores do teatro não viram os seus vencimentos serem aumentados. Os «gastos com decorações» e «obras intermináveis» no Teatro Nacional D. Maria II são também referidos como exemplo de «despesismo» por fontes internas, que alegam que António Lagarto herdou em 2004 uma «casa remodelada».
Danças com números
A performance do Teatro Nacional D. Maria II está na linha vermelha
Mário Vieira de Carvalho avisou: «O D. Maria está na linha vermelha em relação à performance de um instituto público». E apresentou números para suportar a afirmação. Assim, as produções apresentadas rodam um investimento médio de 120/150 mil euros, sendo que cada espectador representa um custo de 2500 euros. Foi assim com «Conferência de Imprensa», pelos Artistas Unidos, que em nove representações só conseguiu 450 espectadores, e não foi melhor com outras apostas do D. Maria. Fonte do teatro revela que em «No Papel da Vítima», outra encenação de Jorge Silva Melo, se investiram 131 mil euros e o número de bilhetes vendidos não chegou aos mil, embora António Lagarto reclame que vendeu 2271 ingressos. «Serviço d’Amores», de Gil Vicente, representou um investimento de 200 mil euros com apenas 4904 espectadores para uma lotação total de 12 mil pessoas. Já «Como Aprendi a condizer», uma peça encenada por Fernanda Lapa, custou quase 100 mil euros e só teve 1017 espectadores que compraram bilhete, os restantes 1643 foram convidados, afirma fonte ligada ao D. Maria, mas Lagarto faz saber que vendeu mais 963 ingressos.
«As salas estariam vazias se não houvesse convites», garante a mesma fonte, que alega ainda que, na Sala Garret, com uma ocupação real de 389 lugares, as noites fazem-se «com 31 lugares preenchidos, às vezes 48», embora a direcção de António Lagarto apresente uma taxa de ocupação a variar entre os 55,7 por cento em 2004 e os 65,2 por cento em 2005, e reivindique um aumento de 17,3 por cento nas receitas de bilheteira de um ano para o outro.
A somar às contas do Ministério da Cultura, que apontam para apenas 188 espectáculos realizados em 2004 contra os 312 realizados no S. João no mesmo ano, acresce uma diferença percentual de seis décimas em relação às receitas dos dois teatros nacionais. 0,8 no Porto contra 0,2 em Lisboa. Não esquecendo que o D. Maria recebe quase um milhão a mais (5,4 milhões de euros) do que o S. João (4,5 milhões de euros). Como se não bastasse, desde que o D. Maria II se tornou Sociedade Anónima, em 2004, que a sua direcção aufere o dobro das direcções gerais da administração pública. António Lagarto tinha um ordenado de seis mil euros e os sus subdirectores recebiam cerca de 4200 euros. No mesmo quadro, só os restantes trabalhadores do teatro não viram os seus vencimentos serem aumentados. Os «gastos com decorações» e «obras intermináveis» no Teatro Nacional D. Maria II são também referidos como exemplo de «despesismo» por fontes internas, que alegam que António Lagarto herdou em 2004 uma «casa remodelada».