Artigo de opinião de Mário Viegas, in Diário Económico, 1995-XII-15
2005-12-13
TEATRO
Por Mário Viegas
Uma tragédia às escuras ou às claras...
Os meus mias sinceros parabéns pelo estudo do colaborador deste Jornal, Prof. Carlos Pestana Barros.
Parabéns! Bravo!! Obrigado!!!
Até que enfim que um Economista do Instituto Superior de Economia e Gestão, vem provar com números (o que é sempre terrível! ), que existe uma indiferença terrível do Público em relação ao Teatro, Ópera, Bailado, Concertos, etc (vide «Público» de 10/12/95).
Aqui vão, resumidas algumas achegas deste Empresário Teatral, Homem do Teatro, Encenador e Actor, já repetido noutras minhas crónicas.
1. A Lisboa 94, habituou o povinho a só querer ir «de borla» ver espectáculos. Mais de 30 %!!!
Parabéns! Bravo!! Obrigado!!!
Até que enfim que um Economista do Instituto Superior de Economia e Gestão, vem provar com números (o que é sempre terrível! ), que existe uma indiferença terrível do Público em relação ao Teatro, Ópera, Bailado, Concertos, etc (vide «Público» de 10/12/95).
Aqui vão, resumidas algumas achegas deste Empresário Teatral, Homem do Teatro, Encenador e Actor, já repetido noutras minhas crónicas.
1. A Lisboa 94, habituou o povinho a só querer ir «de borla» ver espectáculos. Mais de 30 %!!!
2. «A cagança-social» dos novos-ricos laranjas e agora «rozinhas» o que vai dar ao mesmo. São os mesmos, disfarçados...
3. A total humilhação e falta de respeito por estas Artes, na promoção, através da Televisão, Revistas, Semanários, Rádios, etc.
4. O Teatro falado, cantado e bailado não foi «posto na moda». A música pop, já foi.
5. A invasão de vigaristas estrangeiros que nestes últimos anos invadem, armados em génios, os nossos palcos (com excepções, claro...), desvalorizando pelo «provincianismo» os Artistas portugueses e sendo altamente promovidos e elogiados.
6. Temos que voltar ainda aos tão falados espectáculos de La Féria, onde a classe política empatou centenas de milhares de contos a gerir-se e a promover-se, em pleno Santano/Cavaquismo, acabando por lhe dar um pontapé no cú...
7. As inacreditáveis participações de Actores de todas as gerações (principalmente os mais novos) em abjectos programas televisivos de «humor», concursos sei lá... O desprestígio total dos nossos Actores, queimados como Joana d’Arc em glórias efémeras. Quem quer voltar a ver ao vivo no Teatro?!!! Terrível ratoeira em que se deixaram cair!!! Já não vão ser nada!!!
3. A total humilhação e falta de respeito por estas Artes, na promoção, através da Televisão, Revistas, Semanários, Rádios, etc.
4. O Teatro falado, cantado e bailado não foi «posto na moda». A música pop, já foi.
5. A invasão de vigaristas estrangeiros que nestes últimos anos invadem, armados em génios, os nossos palcos (com excepções, claro...), desvalorizando pelo «provincianismo» os Artistas portugueses e sendo altamente promovidos e elogiados.
6. Temos que voltar ainda aos tão falados espectáculos de La Féria, onde a classe política empatou centenas de milhares de contos a gerir-se e a promover-se, em pleno Santano/Cavaquismo, acabando por lhe dar um pontapé no cú...
7. As inacreditáveis participações de Actores de todas as gerações (principalmente os mais novos) em abjectos programas televisivos de «humor», concursos sei lá... O desprestígio total dos nossos Actores, queimados como Joana d’Arc em glórias efémeras. Quem quer voltar a ver ao vivo no Teatro?!!! Terrível ratoeira em que se deixaram cair!!! Já não vão ser nada!!!
8. Corrupção total em centenas de buracos de milhares de contos, no Teatro Nacional D. Maria II, S. Carlos, Nacional S. João; Capitais de Teatro, pseudo-descentralização, etc...
9. Passividade total e divisão (sobretudo por invejas e medíocridades) da Classe de Teatro, que nem se sabem unir, para defender os seus direitos mínimos. Não deixar destruir mais Teatros, exigências de ordenados em filmes estrangeiros. Televisão, Companhias de Teatro, etc, etc.
10. Entrevistas de Actores pseudo-populares e promovidos, em que se dizem as maiores barbaridades culturais, políticas e teatrais, para vender revistas «Cor-de-rosa». Chegou-se ao desprestígio de aparecer um casal, no nosso Teatro, com uma nota de mil para comprar dois bilhetes!!!
11. Esquemas maquiavélicos para fingir números de bilhetes e espectadores: vendas a Empresas, Associações, Escolas, Mitras, Hospitais...
E não estou a brincar, tenho provas. Tudo isso para terem subsídios e falsos números junto da SEC.
Etc, etc, etc, etc...
Uma verdadeira Tragédia às claras!!
Convido-o a ir ver «Uma Comédia às Escuras» no S. Luiz e aí posso dar-lhe mais achegas ao seu estudo tão valioso. Mas, vai a pagar. É claro!!! Representamos só até ao Natal!!! Não me diga que também diz que não tem uma noite, para se divertir com a nossa peça de Peter Shaffer. Não usa certamente as frases:
- «... não tenho tempo, nem a minha mulher...»
- «... espero pelo fim... hei-de ir, prometo...»
- «... é Natal... estou cheio de trabalho...»
- «... tenho medo que acabe tarde e que seja chato...»
- «... está muito frio... eles repõem...»
E depois, quando quizer ir ver, lá vem:
- «Ah! Já acabaram?! Que pena!! Há que tempos que estava para ir ver!!! Não repõem?! Ouvi dizer tão bem...»
E a gente a morrer de frustrações e falta de subsídio. Daí do «Diário Económico» já foram quase todos. É uma vergonha...
Menos o Director, Nicolau Santos, mas esse temos de fechar os olhos... Peça-lhe para mandar a sua entrevista e estas minhas achegas ao Carrilho e talvez isto entre num diálogo maior entre a Gente do Espectáculo, Políticos, Gestores e Economistas.
Obrigado!!! De facto, sem subsídios o Espectáculo em Portugal pode morrer, apesar de sabermos que «O MELHOR SUBSÍDIO É O PÚBLICO».
E não estou a brincar, tenho provas. Tudo isso para terem subsídios e falsos números junto da SEC.
Etc, etc, etc, etc...
Uma verdadeira Tragédia às claras!!
Convido-o a ir ver «Uma Comédia às Escuras» no S. Luiz e aí posso dar-lhe mais achegas ao seu estudo tão valioso. Mas, vai a pagar. É claro!!! Representamos só até ao Natal!!! Não me diga que também diz que não tem uma noite, para se divertir com a nossa peça de Peter Shaffer. Não usa certamente as frases:
- «... não tenho tempo, nem a minha mulher...»
- «... espero pelo fim... hei-de ir, prometo...»
- «... é Natal... estou cheio de trabalho...»
- «... tenho medo que acabe tarde e que seja chato...»
- «... está muito frio... eles repõem...»
E depois, quando quizer ir ver, lá vem:
- «Ah! Já acabaram?! Que pena!! Há que tempos que estava para ir ver!!! Não repõem?! Ouvi dizer tão bem...»
E a gente a morrer de frustrações e falta de subsídio. Daí do «Diário Económico» já foram quase todos. É uma vergonha...
Menos o Director, Nicolau Santos, mas esse temos de fechar os olhos... Peça-lhe para mandar a sua entrevista e estas minhas achegas ao Carrilho e talvez isto entre num diálogo maior entre a Gente do Espectáculo, Políticos, Gestores e Economistas.
Obrigado!!! De facto, sem subsídios o Espectáculo em Portugal pode morrer, apesar de sabermos que «O MELHOR SUBSÍDIO É O PÚBLICO».