«Sobre o lado esquerdo» (XII)
2005-04-09
POEMA DA MORTE APARENTE
Nos tempos em que acontecia o que está acontecendo agora
e os homens pasmavam de isso ainda acontecer no tempo deles,
parecia-lhes a vida pobre e reles
e suspiravam por viver agora.
A suspirar e a prostestar morreram.
E agora, quando se abrem as covas,
encontram-se às vezes os dentes com que rangeram,
tão brancos como se as dentaduras fossem novas.
António Gedeão