Entrevista de Mário Viegas ao JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, 1993-IX-21

2005-03-14



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«JL» – A inexistência do movimento teatral a que se refere tem a ver apenas com a política cultural em vigor?


M.V. – O teatro não está na moda. Por outro lado, houve uma série de erros graves da classe teatral que se dividiu irremediavelmente. Grande parte dessa classe vendeu-se a uma política de espírito do actual Governo è espera de receber umas pequenas benesses: uma sala, um subsidiozinho de sobrevivência, uma pseudodescentralização, uns dinheiros para comprar umas quintinhas com piscina...

«JL» – E a nova geração de teatro?

M.V. – Não apanhou uma época de resistência e de utopia como a minha geração, a dos quarentões. São capazes de apresentar umas «caganças pseudo-intelectuais» a que os corifeus chamam geniais e, simultaneamente, fazem a porcaria das telenovelas. Portanto, não há qualquer coerência ou sonho na nova geração teatral. E quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Isso desgosta-me.
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