Artigo de opinião de Mário Viegas, in Diário Económico, 1995-IX-01

2005-02-25


TEATRO
Por Mário Viegas


Opiniões vindas da França de Jorge Silva Melo, o famoso «cabecinha d’ouro»!!

Lembro-me de Jorge Silva Melo, desde 1967, da Faculdade de Letras de Lisboa. É um pouco mais velho que eu e tenho acompanhado as suas opiniões no Teatro, Cinema, Política, etc.
Sempre o achei uma “tia velha”, verrinoso, mauzinho, a fazer comentários maldosos e vingativos, a criar grupinhos de opinião à sua volta, a armar-se em vítima de não sei que poderes, vaidoso, convencido de que tem mais génio e talento do que na verdade tem.
Criador de climas de opinião, criador de falsos mitos teatrais e cinematográficos, etc.
Soube criar, há uns 30 anos, uma áurea de “génio incompreendido” e deu-se ao trabalho de abandonar o meio teatral e de vez em quando, lá vem das “franças” (onde andou com amigos a fazer teatro) e logo arranja entrevistas a auto-flagelar-se e elogiar-se e no fundo, a vingar-se e a injuriar, os que têm ficado no nosso País, a lutar pela Cultura, pela manutenção de Companhias de Teatro, a darem cabo da sua saúde e dinheiro. E o que é mais grave, nas suas afirmações: a confundir “a nova geração” com ideias estúpidas e aberrantes, que só a confunde, desmobiliza e desmoraliza.
É tão verdade isto, que basta citar esta dúzia de “bacoradas intelectuais”, para se ver o mau-carácter artístico deste ex-deputado do PSR ao Parlamento Europeu. Do que nós nos livrámos!!!
Pois “O Cabecinha d’Ouro”, (era já esta a alcunha que lhe davam na Faculdade), lá se agarrou a um dos seus “elogiadores oficiais”, (um tal Silva) e botou faladura (com capa e tudo), para o Jornal de Letras, Artes e Ideias. São afirmações de uma velha tia tonta e má, rodeada de gatos, que, só por si, demonstram tudo o que disse sobre ele nos parágrafos anteriores. É pena não ter espaço para mais citações:

CITAÇÕES DO CABECINHA D’OURO
- “(...) eu, neste momento, sou pela arte contra a cultura”.
- “(...) a cultura é o que nós fazemos quando estamos vivos. E não é preciso ir a São Carlos com os camponeses ouvir coisas com que eles felizmente não têm nada a ver”.
Referindo-se ao filme de Manuel de Mozos, “Xavier” – “(...) outro filme que ele ainda não acabou. O que é um escândalo cultural tão grande ou maior do que as gravuras de Foz Côa”.
- “(...) Haverá um cinema imitação rasca de Hollywood com a excepção do Sr. Oliveira que será perdoado na medida em leva a passear a D. Zita Seabra até Cannes e apresenta-a, a beber champagne, à Catherine Deneuve”.
- “(...) Eu sou um grande espectador da telenovela portuguesa (...) A telenovela portuguesa, embora rudimentar, tosca, de vez em quando tem algumas coisa brilhantes (...) O folhetim de hoje é a telenovela (...)a telenovela tornou-se a única escola de actores portugueses”
- “(...) Para mim uma Companhia (de Teatro) não devia ser uma finalidade, mas um instrumento. (...) Para o Luís (Miguel Cintra) era mais importante manter a Companhia. A mim, de todo, não. Odeio famílias – não tenho – e no teatro detesto que uma companhia seja substituta de uma família. É mortal para cada um dos actores que a integra. É paralisante. Tem um lado necrófilo que me assusta”.
- “(...) neste momento a palavra em Portugal é muitíssimo interessante, porque a linguagem que falamos é extremamente pobre, tragicamente pobre. O vocabulário é mais reduzido, a capacidade de expressão dos jovens é diminuta”.
- “(...) cada vez menos me interessa o encenador como chefe de empresa ou como dono do sentido do espectáculo. Isso fez com que os autores desaparecessem do teatro. Cada vez há menos e os encenadores passaram a ser como os maestros e como, neste momento, os comissários de exposições. (...) gostava que o espectáculo pudesse ser partilhado por todo a gente que nele está. (...) O responsável sou eu porque só aceitei as propostas que me interessavam e recusei outras”.
- “(...) Apetece-me apanhar o ar do tempo, tentar apanhar o momento que passa e, se possível, o vento nas folhas. Quero fazer isso também no cinema, mas não estou a consegui-lo porque os filmes vão sendo adiados”.
- “(...) O meu tema no cinema é o pavor do definitivo. Mas interessa-me como é que se pode viver sem o definitivo. Eu há 47 anos que vivo sem o definitivo”.
Etc, etc, etc.
Por aqui se vê, a má-fé, o ódio a este País, as banalidades e confusões que vão nesta mente. Este artigo nem sequer é vingativo, contra o Sr. Melo, pessoa com quem nunca convivi. É só para chamar a atenção, (principalmente aos mais novos), do perigo que representa conviverem com esta “Esquerda a fingir”. Espero que o PSR já o tenho posto na rua. É que “merda”, já lá tem muita!!!
 
posted by CTC at 19:38, |