Notícias (Diário de Notícias)
2006-04-13
"As Vampiras Lésbicas de Sodoma" à solta no Chiado
Esta é a história do demónio Subaru, ou melhor, do demónio Sandokan. Ou será Sudoku? Na verdade, é a história do demónio Sucubu e de uma das suas "angelicais" vítimas. Uma comédia "sobrenatural", que data dos tempos da Bíblia e se prolonga até aos nossos dias, baseada na obra do dramaturgo e romancista Charles Busch, produzida e adaptada pela Companhia Teatral do Chiado. Com encenação de Juvenal Garcês e interpretações de Rita Lello, Simão Rubim, Manuel Mendes, João Carracedo, João Craveiro e Tobias Monteiro, a peça As Vampiras Lésbicas de Sodoma estreou-se ontem no Teatro-Estúdio Mário Viegas, em Lisboa.
No centro do enredo estão duas actrizes vampiras que se amam e odeiam, ao mesmo tempo, e que há dois mil anos disputam o estrelato. Em busca do sangue de jovens virgens, que lhes garanta a vida eterna, deixam a bíblica cidade de Sodoma e correm mundo, terminando a viagem por terras lusas. Sempre em ambientes onde reinam a inveja e a luxúria, passam pela Lisboa da Revista, e acabam, nos dias de hoje, na sala de ensaios de um "musical", em plena cidade do Porto. O espectáculo, que, nas palavras de Simão Rubim, um dos protagonistas, "ultrapassa a imaginação das pessoas", recorre a um extravagante guarda-roupa e a um humor que, apesar de "libertino" em muitos momentos, brinca com a actualidade portuguesa. Esta aproximação à realidade do país é, para o actor, uma forma de "chegar mais depressa ao público". A 33.ª produção da Companhia Teatral do Chiado é uma combinação do "pequeno delírio do teatro popular, o glamour decadente do mito de Hollywood e histórias de travestis", diz o encenador da peça.
À semelhança da obra original, apresentada por Charles Busch, em 1984, e que esteve em cena durante cinco anos, Simão Rubim considera que a adaptação de As Vampiras Lésbicas de Sodoma, traduzida por Gustavo Rubim, Patrícia Marques e Vítor d'Andrade, "poderá ser um grande êxito". Apesar das sucessivas alterações na data de estreia, justificadas pela procura de financiamentos ao espectáculo, através de digressões, a peça subiu finalmente ao palco e o intérprete espera que atinja o mesmo sucesso que As Obras Completas de William Shakespeare em 97 Minutos, há dez anos em cena.
As vampiras andarão à solta no Teatro-Estúdio Mário Viegas, de terça-feira a domingo, até ao próximo dia 29, pelas 22.00. Neste espectáculo, não aconselhável a menores de 18 anos, os preços variam entre os 13,50 e os 18,50 euros. Proteja bem o pescoço.